1 de fev. de 2011

A dor de viver/a dor de morrer

Destroçado, o olhar de Luci, antes cheio de ilusões, é agora um mar de aflição. Sentada na areia, sobre um castelo que vai se desfazendo, ela assiste o baile de vento e ondas que batem nas pedras furadas, desgastadas pelo tempo. Nem as pedras resistem, ela pensa. Ao menos lá, onde as ondas batem, é um disfarce perfeito de esconder lágrima.
E os pensamentos são palavras que rasgam a garganta, ela grita. As palavras todas na boca, ela cala. Seu corpo imóvel é morada de uma dor tátil. Luci deseja, impotente, bailar o baile de vento e ondas, deixar à mostra também ela seus muitos furos, seu corpo despedaçado. A doçura do mar chama. Imersa, Luci ainda consegue tatear sua dor.

4 comentários:

Ana SSK disse...

Tateando a dor. Impossível de conhecê-la toda. Quase bom de descobrir.

Alicia disse...

O que é salgado tem sua doçura.

Moça disse...

nenhuma dor é eterna.

Vani disse...

Nem a vida é eterna.