3 de out. de 2010

Era um fim de tarde. Me lembro que eu estava sentada na soleira de casa com minhas galochas novas quando ela chegou. 08 anos, eu acho.
Não senti medo; minha avó enferma me botava medo. Suas mãos eram frias e o olhar comprido. A boca frouxa entreaberta a pedir mais uma colherada. E aquele ar de complascência de quem sabe que o fim se aproxima.
Pensava nela assim, coisa de criança.
Mas a morte, ela não bota medo em ninguém.

2 comentários:

Javier Ortiz I. disse...

nossa...fiquei com medo da tua vó...kkkk

Javier Ortiz I. disse...

"Mas a morte, ela não bota medo em ninguém."

vc me fez pensar principalmente no termo "bota". Quem bota medo é a vida, ela tem o seu ciclo do belo ao medonho... a vida tem estética... a morte pelo contrário não tem nada, pois que da estética a ela é um olhar ainda vivo. A morte não tem nome, ela ainda é Real.