22 de fev. de 2011

O Menos-um fora do redemoinho

Falar sobre o Gozo tem algo meio de impossível - não era bem essa palavra que eu queria usar, mas na falta de uma melhor, uso-a. Quando se consegue, é sinal que a coisa anda boa.
Como é que se pode estacionar e não ser mais transitório? É a pergunta que tenho me feito... aliás, ando falando em primeira pessoa - e numa segunda também, mas que não é um 'tu', é 'umaoutraeumesma' -, não tenho mais idéias pra inventar contos.
O Gozo é um redemoinho, como aqueles vídeos que as pessoas gravam no meio dos tufões, dos furacões que ameaçam o câmera-man; você vê ele ali pertinho, quase encostando e, mesmo que a morte também esteja quase encostando, o cara continua ali, filmando, meio que hipnotizado por aquela cena. Talvez seja isso, uma cena que te hipnotiza e te mantém ali, parado, petrificado, esperando pela morte que nunca vem. Soou pesado essa da morte, né? Porque sabemos que ela vem. Agora ou depois. Mas no Gozo, tem algo de contraditório entre esperar pela morte e pela não-morte; porque parar é ter medo de morrer, mas ao mesmo tempo é morrer.
Parados, sabemos que ainda temos todas as chances do mundo. Em movimento, sempre há menos uma chance. De dar certo; de dar. No Gozo, de movimento mesmo é só a repetição. E ali, estamos protegidos do mundo, mas sob ameaça de nós mesmos.

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