3 de out. de 2010

Era um fim de tarde. Me lembro que eu estava sentada na soleira de casa com minhas galochas novas quando ela chegou. 08 anos, eu acho.
Não senti medo; minha avó enferma me botava medo. Suas mãos eram frias e o olhar comprido. A boca frouxa entreaberta a pedir mais uma colherada. E aquele ar de complascência de quem sabe que o fim se aproxima.
Pensava nela assim, coisa de criança.
Mas a morte, ela não bota medo em ninguém.