11 de jan. de 2012

E a análise?

Vivem me perguntando para que serve uma psico-análise. Eu sempre fico em dúvida do que responder, de como responder porque, confesso, sinto um pouco de vergonha - não sei por que - em dizer que uma análise serve para aprendermos a 'amar melhor', como se expressou lindamente alguém. E acho que meu titubeio advém de saber que o amor é uma tentativa de dar conta da diferença sexual, da impossibilidade do rapport sexual entre os seres. E, sendo uma tentativa de dar conta, é uma amarração; isso equivale a dizer que o amor é também ele um sintoma. 
Ama-se um outro na esperança de que, de dois, se possa fazer Um. Isso é bem bonito de se dizer, mas é impossível de se realizar. E é só depois que nos damos conta disso que podemos dar um desdobramento melhor pras nossas relações, porque aí não existe mais um ato iludido, mas com responsabilidade. Sair do 'me complete' e ir para o 'me suplemente', é a isso que se deve chegar.
Responsabilizar-se pelo que se deseja é assumir o que somos, assumir esse significante que somos diante do outro, para-ser, enfim, o que não pudemos ser até ali, e não mais para-esser - 'parecer' - no semblante onde estivemos.

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