15 de jun. de 2010

O possível de uma relação inexistente

Falar, para além de uma função organizadora, tem uma função social. Nunca entendi direito porque eu não me dava muito bem no social; essa é uma construção que ainda estou fazendo. Quando se fala, espera-se do outro uma resposta ratificadora daquilo que se disse (e aqui, ratificar não necessariamente quer dizer concordar); a questão está é que esta espera, é do Outro que esperamos, do nosso próprio eu-social. E aí está todo o trabalho do analista, o de não responder dessa posição alienante, mas de Outro lugar.
Quando a resposta que as pessoas esperam não vem, é um vazio que é devolvido... isso tem a ver com a construção de que eu falava: minha resposta sempre foi o silêncio. Hoje em dia, ele não está mais tão presente, o que me coloca em outro problema: como responder sem esperar um envolvimento daquele que fala com o que ele fala? E mais, como não me envolver com o que é dito?
Li alhures que a psicanálise é uma peste. Concordo. Uma vez experimentada, não há como dela sair, não há mais como falar sem nada dizer, não há mais como alienar-se a uma fala vazia. O que se espera é outra coisa, aquilo que se chama um sentido pleno.
Falar é, mais do que tudo, uma relação sexual, naquele ponto de uma relação possível, já que ela inexiste.

2 comentários:

Superbonita Bazar e Loja Virtual disse...

Adorei seu blog.

Vim te convidar para conhecer o Superbonita, tem peças linda,lá.

Um abraço.

http://brechosuperbonita10.blogspot.com

Javier Ortiz I. disse...

E falando no Outro, a Superbonita não poderia servir de melhor exemplo no que se refere a comunicação e a relação sexual...kkk "venha no superbonita, e goze com as nossas peças maravilhosas" rs...
Mas retomando teu texto:
"Falar é, mais do que tudo, uma relação sexual, naquele ponto de uma relação possível, já que ela inexiste".... o que mais chama atenção nessa "peste" é que não há como evitar a correlação entre as relações sociais e sexuais, porque há sexualidade simbolizada em tudo, até na superbonita, que veio aqui te seduzir... a ingenuidade das relações, como aquelas cristãs, é que já não fazem sentido... mas seria bom que fizessem, pois é difícil não se envolver, e quando há, também há negação sexual, descarte, darwinismo... a complexidade humana nos fez falar em vez de ter plumas coloridas, faz o feio ser interessante, e o rico não precisar ser bonito.. Ser aquele cara ou mina "social" equivale a entrar nessa "disputa", nesse meandro da seleção... faz ir de encontro com o que a gente quer, guiados pelo nosso desejo, que muitas vezes desconhecemos, o que também nos faz recuar... racionalizar, enganar... porque todo esse esforço é para não misturar sexualidade com sexo... mas de longe é tudo muito parecido.