19 de out. de 2011

O Amor

Escolhi um título pretensioso. Pretensioso porque sei que não posso falar sobre este tema. O Amor, devo dizer, tem-me fixado a atenção por estes dias; do ponto de vista teórico, tendo a confessar que está mais claro como pode ele ser o único sentido da vida.
Sentido, eu no passado. E este é um delírio de luto; e com o luto não se luta, deixa-se abater para depois retornar.
E esse depois, é só no agora que poderá ser vivido. Por ora, é só depois que poderei viver no agora. Por ora só posso apreendê-lo, esse amor, fora da experiência. Não posso experienciá-lo. E não posso justamente porque quero. Maldita dialética do desejo, que coloca no futuro o que só pode ser vivido no hoje.
"Sinta o vento, veja a cor! Se acomode, tome jeitos; vá ao médico; não pense no agora; pense no agora; não problematize, deixe como está!". Todos estes conselhos, mando todos eles à merda - em minha cabeça, pois que ainda não me desvencilhei de uma educação católica e tenho dedos com palavrões.
Que me desculpem os românticos, mas que eu os abomino. Abomino e tenho inveja - não uma 'invejinha boa'. Tenho uma inveja galopante, porque vejo ali o que um dia eu fui, o que não posso ser mais. Não hoje, nem amanhã. Depois de amanhã, que é outro termo para 'não existe'.
Por esta altura eu paro, já que o delírio está demasiado cansativo. É, o amor é delirante e demasiado cansativo.

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