27 de out. de 2011

Ainda sobre o Amor

Lacan, no Seminário 8, aponta uma articulação entre amor e desejo; para ele - e se usa de um texto de Platão para tanto - o amor só existe onde exista um amante, aquele que deseja, e um amado, aquele que é desejado. Há que se fazer um apontamento na direção da falta, o desejo demarca isso. O amante é aquele a quem falta - pois que deseja; além, ao amante falta saber o que lhe falta; o amado seria aquele que tem o que ao amante falta, porém, este não sabe o que tem. Por isso, à pergunta 'o que vc ama em mim?' não há resposta, já que uma vez nomeado o objeto - ou agalma, como aparece no texto - este passa a não ser mais, sempre será outra coisa (o desejo é movediço e nos escapa à significação).
Neste sentido, a psicanálise avança um passo, pois à demanda de amor do paciente, o analista não tem saída: ele sabe que não tem. O analisado busca saber o que tem e direciona uma demanda de saber para o analista; à esta demanda, o que encontra é uma falta. A falta, por sua vez, remete ao desejo - isso articula a passagem da demanda de saber à demanda de amor.
Daí a fórmula de Lacan: 'amar é dar o que não se tem'.

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